Tífon


Tifon , deus grego da seca (filho de Tártaro e de Gaia), simbolizava o elemento Ar em sua forma mais furiosa, os furacões. Foi criado em Delfos e era inimigo hereditário dos deuses, principalmente de Zeus, por quem mantinha um ódio cruel. (Há versões que contam que Hera, a esposa de Zeus, foi ludibriada por Gaia, visto Gaia saber que a deusa queria destronar o marido. Hera teria recebido uma semente de Gaia, e tendo plantado esta, teria nascido Tifon da terra.) Tifon era maior que todas as montanhas e o corpo, cercado de plumas, era rodeado de serpentes (Há versões que dizem que seus dedos eram cabeças de dragão com línguas pretas, que soltavam centelhas de fogo pelos olhos e gritos de animal selvagem.) Hesíodo descreveu-o para nós: braços poderosos, pés infatigáveis, cem cabeças de serpente com línguas negras e olhos que expeliam fogo, e de todas as cabeças saiam simultaneamente terríveis sons (Hes.Th. 823-835). Outra referencia: Tifon era tão alto que a sua cabeça batia nas estrelas, os braços enormes bloqueavam os raios do sol, e carvões em brasa saíam da sua boca. Havia um dragão de cem cabeças com línguas escuras em seus ombros, e dos seus olhos labaredas dardejavam. Sons estranhos provinham dessa cabeças. Algumas vezes os deuses podiam entendê-los facilmente, mas em outras pareciam os berros de touros enfurecidos. As vezes, rosnavam como leões, no momento seguinte, como cachorrinhos.
Uniu-se a Equidna e foi pai de todos os monstros: do cão de 3 cabeças Cérbero, do lobo (ou cachorro) de 2 cabeças Ortro, da esfinge, do dragão de 100 cabeças Ládon, do dragão da Cólquida (que guardava o velocino de ouro), da hidra, de Ethon (a águia que comia o fígado de Prometeu)e da Quimera. Descontente com a derrota dos gigantes, Gaia pediu a Tifon que se insurgisse contra Zeus. Quando os deuses viram Tifon avançando em direção ao Olimpo, fugiram aterrorizados para o Egito, onde tentaram se esconder no deserto transformando-se em animais. Zeus tornou-se um carneiro, Apolo um corvo, Dionísio uma cabra, Hera se transformou em uma vaca, enquanto Afrodite tornou-se um peixe, e Ares um porco. De todos os deuses, somente Atenas teve coragem de permanecer com a sua própria forma.
Repreendido por ela por sua covardia, Zeus, por fim, resolveu combater o monstro. Enviando um raio contra Tifon, avançou contra a horrível criatura no Olimpo girando a foice que tinha sido utilizada para castrar seu avô, Urano. Mas os dois se defrontaram, Tifon facilmente desarmou Zeus e usou a sua arma para remover arrancando-lhe os nervos essenciais da consciência e os tendões dos pés e dos braços do deus. Então arrastou-o impotente e veio a trancá-lo na caverna de Corician, na Sicília, onde o imortal Zeus permaneceu incapaz de mover-se, guardado pela ira de Tifon, envolveu os músculos de Zeus em uma pele de urso e confiou-os a Delfina, uma monstra com língua de serpente, algumas vezes dita ser a própria monstra um dragão. (Há referencias que dizem que Tifon perseguiu Zeus por muitos anos e, mesmo ferido por Zeus, fez o acima citado.)
Depois, Hermes, juntamente com Pan, para evitar o desastre, recorreram a um estratagema. Entraram secretamente na caverna onde Zeus permanecia cativo e, conseguiram vencer Delfina, fazendo-a adormecer com uma flauta (Outras versões dizem que Pan teria-a assustado fazendo um enorme barulho, visto a palavra pânico derivar justamente desta habilidade de Pan). Hermes, o médico e deus dos ladrões, descobriu que os tendões tinham sido escondidos e os costurou nos membros de Zeus. Mas o combate continuou.
Zeus retomou imediatamente ao Olimpo. Montado numa biga puxada por cavalos alados, travou luta mais uma vez com Tifon. Este arremessou montanhas inteiras contra Zeus, mas o deus usou seus raios para fazer as montanhas voltarem contra o seu arremessador. Tifon fugiu e Zeus o perseguiu.
Zeus enfrentou-o com seus raios e trovões, e a violenta luta fez tremer o céu, a terra, o mar e abalou o próprio mundo subterrâneo. Venceu-o com dificuldade e atirou-o também ao Tártaro (Versões dizem que Zeus soterrou Tifon sob o Monte Etna, Hefesto (Vulcano) colocou-lhe sobre suas cabeças pesadas bigornas, impedindo-o de libertar-se. Esta foi a única vez que Júpiter (Zeus) chegou perto da derrota, e este seria o motivo da atividade vulcânica do local). E, depois dessa, Gaia finalmente sossegou... De acordo com Hesíodo, Zeus atirou Tifon no Tártaro. Lá, diz Hesiodo, Tifon permanece tão perverso quanto sempre. Em Tártaro, Tifon toma a forma de ventos furiosos que fustigam as tempestades do mar, dispersando os navios, matando marinheiros, trazendo morte e destruição às terras costeiras.

[editar] Tifon e Afrodite
Tifon, quando estava liberto, também perseguia Afrodite e Eros – filho de Ares e Afrodite e uma das forças primordiais do mundo, pois assegurava o prolongamento da espécie e a coesão interna do Cosmos. Um amor impossível unia Afrodite e Eros, mãe e filho. Um dia Tifon encontrou Eros e Afrodite em pleno amor e começou a perseguí-los. Numa fuga desesperada, pediram auxílio a todos os homens e deuses, não sendo atendidos por ninguém, que temiam a fúria de Tifon. Somente a Ninfa Amaltéia (cabra que alimentou Zeus) ajudou-os indicando o caminho do mar, onde Tifon não poderia mais perseguí-los. Entrando no reino de Poseídon finalmente livraram-se de Tifon, impossibilitado de entrar no mar por ser o deus da seca. Poseidon, para garantir a fuga, enviou dois delfins (golfinhos) amarrados com um laço de ouro. Eros e Afrodite montaram nos delfins, que os levaram para as profundezas do oceano, onde viveriam seu sonho de amor eterno e nunca mais seriam perseguidos nem pelos deuses nem pelos homens. Afrodite retornou para o seu lugar de origem, onde se protegia dos monstros que a perseguiam, mas teve que abandonar a terra firme e o contato com o mundo concreto e a realidade da matéria, tornando-se prisioneira do amor num mundo distante e irreal que era o fundo do mar. Afrodite, por tal razão, sempre foi a protetora dos marinheiros e das navegações.

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